Instrumentos: Violão e voz
Obra: Apelo
Compositores: Baden Powell / Vinícius de Moraes
Intérpretes: Baden Powell e Elizeth Cardoso
Fonte: Vídeo originalmente publicado no canal do Youtube eduardolott1 com o título de “Elizeth Cardoso & Baden Powell – ‘Apelo’”.
O violão é um cordofone cujo som é obtido pelo dedilhar ou pelo rasqueado de suas cordas. Desde a Idade Média diversos instrumentos de cordas dedilhadas aparecem em textos e ilustrações, mas nada que remeta diretamente ao violão. Apesar de diversas teorias, não existe ainda um consenso sobre a origem do instrumento. No século XIV dois instrumentos muito parecidos com o violão eram tocados na Europa: a guitarra mourisca e a guitarra barroca. No século XVIII surge o violão, também chamado na época, em língua portuguesa, de “viola de seis ordens”, “viola francesa”, “guitarra franceza” e como é conhecido hoje “violão” (viola grande). O violão clássico moderno tem tradicionalmente seis cordas (podendo ter até 12 cordas). É composto por uma caixa de ressonância de madeira em forma do numeral ‘oito’, um tampo harmônico de madeira, uma roseta (boca) arredondada, paredes laterais curvas, e a parte traseira plana. A afinação padrão é: mi2, lá2, ré3, sol3, si3, mi4.
Este exemplar possui um tampo de pinho com diversos autógrafos de artistas riscados no verniz, sobre a superfície. Integrante do acervo do Instituto Moreira Salles – IMS, pertenceu a Elizete Moreira Cardoso (Rio de Janeiro, 16 de julho de 1920 – Rio de Janeiro, 7 de maio de 1990). Conhecida como Elizeth Cardoso, a “Divina”, é considerada uma das maiores cantoras da música popular brasileira.
No Brasil, logo após o descobrimento, vieram de Portugal diversos instrumentos musicais, contudo, com a chegada da Corte Imperial no Brasil, em 1808, a quantidade de instrumentos e de partituras se multiplicaram e logo os instrumentos começaram a ser fabricados em solo brasileiro. Diversas fontes de época mencionam em textos e ilustrações instrumentos de cordas dedilhadas presentes no Brasil, tais como: alaúde, bandolim, cítara, guitarra, harpa, machinho (que deu origem ao cavaquinho), tiorba, viola (que em português designa tanto o instrumento de cordas friccionadas, como o instrumento de cordas dedilhadas) e o violão. “O violão foi rapidamente incorporado aos hábitos da elite social fluminense, sendo praticado tanto no Palácio da Boa Vista, quanto nos salões do século XIX” (Taborda, 2021, p. 85). No século XX o violão alcança uma popularidade em todo o mundo tanto como instrumento acompanhador de canções quanto como instrumento solista. Nos primeiros anos do século XX Quincas Laranjeiras (Olinda, 8 de dezembro de 1873 – Rio de Janeiro, 3 de fevereiro de 1935), João Pernambuco (Petrolândia, 2 de novembro de 1883 – Rio de Janeiro, 16 de outubro de 1947), Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 5 de março de 1887 – Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1959) e Américo Jacomino (São Paulo, 12 de fevereiro de 1889 – São Paulo, 7 de setembro de 1928) se destacam nas composições e na execução de um repertório solista para o violão.
Este violão pertenceu à célebre cantora brasileira Elizeth Cardoso. O momento de convergência entre a “Era do Ouro” do rádio e o surgimento da bossa nova marcou a sua trajetória. O início de sua carreira se deu na Rádio Guanabara, em 1936, sob a benção de Jacob do Bandolim. Nos anos 1950, o sucesso de suas canções resultou em um contrato de dois anos com a Rádio Tupi, apresentações na televisão e participações no cinema. Firmou-se como intérprete de sambas-canções, tornando-se referência neste gênero musical.
Em 1958, gravou o LP Canção do Amor Demais, com composições de Vinícius de Moraes e Tom Jobim e o violão de João Gilberto, considerado por alguns críticos como o álbum precursor da Bossa Nova. Na década de 1960, a cantora resgatou o valor de gêneros tradicionais, interpretando “Bachianas nº 5” de Heitor Villa-Lobos, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e de São Paulo, demonstrando a versatilidade que foi sua marca registrada. Sua carreira prosseguiu com êxito, até a sua morte, em 1990.
A “Divina” deixou para a música popular brasileira um importante legado: uma obra expressiva que representa uma ponte entre tradição e modernidade, que a consolidou como uma de suas mais importantes intérpretes.
Para saber ainda mais, acesse o site de Elizeth Cardoso no domínio do IMS: https://ims.com.br/titular-colecao/elizeth-cardoso/
Assista à uma performance da Divina, cantando a música Violão Vadio
Compositor: Baden Powell e Paulo César Pinheiro
Intérprete: Elizeth Cardoso
Fonte: Vídeo publicado no canal do Youtube Tonico Manoel com o título de “Elizeth Cardoso – Violão Vadio”.
BETHENCOURT; BORDAS; CANO; CARVAJAL; SOUZA; DIAS; LUENGO; PALACIUS; PIQUER, ROCHA, RODRIGUEZ; RUBIALES; RUIZ, 2012.
BRANDÃO, 2013.
ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTE E CULTURA BRASILEIRA, 2021.
GROVE MUSIC ONLINE, 2021.
INSTITUTO MOREIRA SALLES (SITE), 2021.
MIMO, 2014.
ROLLA, 1974.
SOARES, 1990.
Violão construído em São Paulo, Brasil.