Acervo

O MVIM, em 2020, assume sua missão como um “espaço de convergência de acervos e conhecimento”, agregando acervos de instrumentos musicais que não poderiam ser reunidos no mundo concreto: os acervos do Museu Instrumental Delgado de Carvalho, do Museu Villa-Lobos e do Instituto Moreira Salles.

 

Museu Instrumental Delgado de Carvalho

O Museu Instrumental Delgado de Carvalho, o primeiro e maior museu de instrumentos musicais do Brasil, foi criado no final do século XIX pelo primeiro diretor do Instituto Nacional de Música, o compositor e maestro Leopoldo Miguéz (1850 a 1902), com inspiração nos museus de instrumentos musicais dos Conservatórios de Música de Paris e de Bruxelas, visitados por Miguéz em viagem à Europa, em 1895.

O Museu Instrumental, então, destinava-se, segundo o Regulamento do Instituto Nacional de Música de 1900, ao estudo de história de música e organologia musical. Seu acesso era restrito, sendo o ingresso na sala do museu permitido somente aos alunos acompanhados por professores e ainda com a autorização do diretor.

O acervo inicial do Museu foi descrito em inventário manuscrito por Leopoldo Miguéz, entre os anos de 1890-1895, no qual constam 49 instrumentos de diversas nacionalidades – Síria, Índia, Marrocos, Sudão, China, México, Estados Unidos e Brasil. Desses itens originais do acervo apenas 27 estão presentes no acervo atual. Em 1905, foi publicado um inventário, organizado e classificado pelo compositor Joaquim Tomas Delgado de Carvalho (1872-1922), que assumiu a responsabilidade, como ele mesmo afirma, pela “inspeccção do Museu instrumental, Gabinete de Acústica e Bibliotheca” (CARVALHO, 1905, p. 5). Esse inventário mostra que o acervo cresceu bastante contando, então, com 87 instrumentos musicais, dentre os tradicionais instrumentos de orquestra – violinos, violas, fagotes, oboé, bandolins napolitanos – até instrumentos de culturas variadas e distantes como um gi-hin, instrumento de cordas chinês; uma darabuka, tambor de origem egípcia, e um dog-dog, tambor de bambu de Java. Além dos instrumentos, o museu possuía 54 itens diversos como cartas, bilhetes, cartões postais e autógrafos.

Somente meio século depois, na década de 1970, foram elaborados novos inventários, e, nessa época, o museu foi aberto ao público, ficando seu acervo exposto em vitrines no corredor principal da Escola de Música. Em 2008, o museu foi desativado e os itens foram armazenados na Biblioteca da Escola de Música.

Em 2011, com o propósito de reorganizar o museu, garantindo a preservação dos instrumentos e dos outros itens documentais e disponibilizando ao público o acervo, foi concebido o projeto Museu Virtual de Instrumentos Musicais Delgado de Carvalho com duas linhas básicas de atuação: a criação de um Museu Virtual de Instrumentos Musicais e a organização e acondicionamento do acervo do Museu Delgado de Carvalho.

REFERÊNCIAS: 

CARVALHO, Delgado de. O Museu Instrumental do Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1905.

BALLESTE, Adriana Olinto; ALMEIDA, Alea. A restauração dos instrumentos musicais do Museu Instrumental Delgado de Carvalho. In: Simpósio de Práticas Interpretativas UFRJ/UFBA, 2014, 2014, Rio de Janeiro. Anais do I Simpósio de Práticas Interpretativas. Rio de Janeiro: UFRJ/UFBA, 2014. p. 211–218.

  

Museu Villa-Lobos

O Museu Villa-Lobos foi fundado no ano seguinte à morte do compositor Heitor Villa-Lobos, em 13 de junho de 1960. Foi concebido por sua segunda mulher, Arminda Neves d’Almeida –  a “Mindinha” – que o dirigiu até sua morte, em 1985. Em seguida, assumiu a direção, por apenas um ano, a pianista Sônia Maria Strutt, sendo sucedida pelo violonista Turibio Santos, que ficou à frente do Museu até 2010. Hoje o Museu é uma unidade gestora subordinada ao Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM).

A partir de 1986, o Museu passou a funcionar em um casarão do século XIX no bairro de Botafogo, que conta com três salas de múltiplo uso que abrigam exposições, exibições de vídeos, concertos didáticos e pequenos recitais; uma estrutura com três reservas técnicas; uma biblioteca aberta ao público; jardins e uma concha acústica que permite eventos ao ar livre.

A missão central do Museu Villa-Lobos é ser referência sobre a vida e a obra do compositor Heitor Villa-Lobos. Suas atividades principais vão desde a preservação do acervo ao desenvolvimento de projetos culturais e educativos, como a edição de livros e discos, a realização de festivais, concursos internacionais e concertos didáticos, além do atendimento à pesquisa.

Em seu extenso acervo estão presentes partituras, fotografias, correspondências e documentos textuais, arquivo sonoro e audiovisual, programas de concertos, objetos, livros e instrumentos musicais.

Dentre os instrumentos musicais estão o piano, o violoncelo e o violão de Villa-Lobos, além de diversos instrumentos de percussão singulares que foram utilizados em suas composições.

REFERÊNCIA: Museu Villa-Lobos 

 

Instituto Moreira Salles

O Instituto Moreira Salles – IMS conta com acervos em quatro áreas: Fotografia, Música, Literatura e Iconografia. Na conservação, organização e difusão desse material, aos quais se juntam a Biblioteca de Fotografia do IMS Paulista e a Coleção Walther Moreira Salles, o Instituto busca cumprir seu objetivo fundamental de promover o mais amplo acesso a esse patrimônio.

A Reserva Técnica Musical do Instituto Moreira Salles, inaugurada no início dos anos 2000, tem hoje sob sua guarda acervos que contemplam documentos de compositores, instrumentistas, pesquisadores e colecionadores. O conjunto tem uma grande diversidade de suportes, que incluem partituras, gravações, instrumentos musicais, livros, fotografias, registros de programas de rádio e entrevistas.

Os instrumentos musicais sob a guarda do IMS – violões, flautas, cavaquinho, bandolins, violino e um instrumento de percussão – pertenceram a importantes personalidades da música brasileira como Pixinguinha, Baden Powell, Elizeth Cardoso, André Filho e José Ramos Tinhorão.

REFERÊNCIA: Instituto Moreira Salles – IMS