O tambor curimbó é um membranofone de percussão direta, ou seja, a percussão é feita diretamente com as mãos sem baqueta sobre a membrana do instrumento, produzindo uma cor sonora característica deste contato pele contra pele. Suas entonações tímbricas não são alinhadas ao sistema tonal.
A etimologia do nome “curimbó” alude à junção dos termos tupinambás curi (madeira) e mbó (oco) e à confecção artesanal do instrumento, que é feito a partir de um tronco de árvore escavado, popularmente chamado de “pau ocado”, que pode ter dimensões variáveis. Em sua parte superior é recoberto por uma membrana de pele natural.
Na superfície do instrumento há entalhes com elementos gráficos da arte marajoara, que representa a produção artística, sobretudo em cerâmica, dos habitantes da Ilha de Marajó, no estado do Pará, considerada a mais antiga arte cerâmica do Brasil e uma das mais antigas das Américas – o instrumento foi confeccionado no município de Soure, na referida ilha. O desenho com motivos geométricos forma uma imagem antropomórfica, ou seja, com características humanas; as representações da natureza e do homem amazônicos aliadas aos grafismos próprios da arte marajoara são seus elementos fundamentais. Este desenho na superfície do instrumento é uma marca que diferencia este exemplar de outros tambores de mesmos aspectos construtivos utilizados em outras danças no Brasil, como o jongo e o caxambu, e estabelece a sua íntima ligação com a tradição de preservação e renovação da cultura marajoara entre os diversos artesãos locais que se dedicam à esta missão.
O exemplar do museu é um tambor curimbó que pode ser considerado de tamanho médio, com um som mais agudo, que, segundo o mestre Ronaldo Guedes, artesão responsável pela confecção do instrumento, costuma ser utilizado com a função de repique; o instrumental do carimbó costuma incluir dois ou três curimbós, com timbres diferentes – quando em número de três, a organização é a seguinte: o maior, com o timbre mais grave, tem a função de marcação e os outros dois, menos graves, fazem os repiniques (chamados, viradas), síncopes e demais fraseados.
O instrumento é ligado à dança do carimbó, típica do estado do Pará. O mesmo tipo de tambor assume outras denominações quando vinculado à tradição do jongo, podendo ser chamado de tambu ou caxambu. Heitor Villa-Lobos, em suas obras, adotou a denominação caxambu para o instrumento, que pode ser encontrado na partitura do Choros n. 9 (1929).