Instrumento: Violão
Obra: Samba de Orfeu
Compositor: Luiz Bonfá e Antônio Maria
Intérprete: Luiz Bonfá
Fonte: Áudio extraído do vídeo originalmente publicado no canal do Youtube Jan Adamec com o título “Luiz Bonfá – Samba de Orfeu”.
O violão é um cordofone cujo som é obtido pelo dedilhar ou pelo rasqueado de suas cordas. Desde a Idade Média diversos instrumentos de cordas dedilhadas aparecem em textos e ilustrações, mas nada que remeta diretamente ao violão. Apesar de diversas teorias, não existe ainda um consenso sobre a origem do instrumento. No século XIV dois instrumentos muito parecidos com o violão eram tocados na Europa: a guitarra mourisca e a guitarra barroca. No século XVIII surge o violão, também chamado na época, em língua portuguesa, de “viola de seis ordens”, “viola francesa”, “guitarra franceza” e como é conhecido hoje “violão” (viola grande). O violão clássico moderno tem tradicionalmente seis cordas (podendo ter até 12 cordas). É composto por uma caixa de ressonância de madeira em forma do numeral ‘oito’, um tampo harmônico de madeira, uma roseta (boca) arredondada, paredes laterais curvas, e a parte traseira plana. A afinação padrão é: mi2, lá2, ré3, sol3, si3, mi4.
Este exemplar possui um tampo de pinho, laterais e fundo de faia e tarraxas de madrepérola blindadas. Integrante do acervo do Instituto Moreira Salles – IMS, pertenceu ao violonista, compositor, letrista e cantor Luiz Floriano Bonfá (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1922 – Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 2001), porém faz parte da Coleção Baden Powell, pois foi um presente da viúva de Bonfá a Marcel Powell, filho de Baden.
No Brasil, logo após o descobrimento, vieram de Portugal diversos instrumentos musicais, contudo, com a chegada da Corte Imperial no Brasil, em 1808, a quantidade de instrumentos e de partituras se multiplicaram e logo os instrumentos começaram a ser fabricados em solo brasileiro. Diversas fontes de época mencionam em textos e ilustrações instrumentos de cordas dedilhadas presentes no Brasil, tais como: alaúde, bandolim, cítara, guitarra, harpa, machinho (que deu origem ao cavaquinho), tiorba, viola (que em português designa tanto o instrumento de cordas friccionadas, como o instrumento de cordas dedilhadas) e o violão. “O violão foi rapidamente incorporado aos hábitos da elite social fluminense, sendo praticado tanto no Palácio da Boa Vista, quanto nos salões do século XIX” (Taborda, 2021, p. 85). No século XX o violão alcança uma popularidade em todo o mundo tanto como instrumento acompanhador de canções quanto como instrumento solista. Nos primeiros anos do século XX Quincas Laranjeiras (Olinda, 8 de dezembro de 1873 – Rio de Janeiro, 3 de fevereiro de 1935), João Pernambuco (Petrolândia, 2 de novembro de 1883 – Rio de Janeiro, 16 de outubro de 1947), Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 5 de março de 1887 – Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1959) e Américo Jacomino (São Paulo, 12 de fevereiro de 1889 – São Paulo, 7 de setembro de 1928) se destacam nas composições e na execução de um repertório solista para o violão.
Este violão pertenceu a Luiz Bonfá, um dos precursores do moderno violão brasileiro ao lado de instrumentistas como Garoto e Laurindo de Almeida. Sua música é uma fusão da tradição violonística do país com elementos harmônicos derivados do jazz e do impressionismo francês. Destacou-se criando rumbas, boleros e sambas-canções nos anos 1950, gravados por intérpretes consagrados. Participou do movimento da Bossa Nova, fazendo parcerias memoráveis com Tom Jobim, consolidando sua importância no movimento a partir da composição das músicas “Manhã de Carnaval” e “Samba de Orfeu” para o filme “Orfeu Negro”, adaptação da peça teatral “Orfeu da Conceição”, de Vinícius de Moraes. Estabeleceu uma carreira internacional nos Estados Unidos a partir do final dos anos 1960, onde pode-se destacar suas parcerias com o músico estadunidense Stan Getz e com o pianista brasileiro radicado nos EUA, Eumir Deodato. Além de ter atuado amplamente como instrumentista, com participação em mais de 500 discos, Luiz Bonfá é um dos compositores brasileiros mais tocados no exterior. Sua “Manhã de Carnaval” está registrada no Guiness Book como uma das dez canções mais executadas no mundo.
Para saber ainda mais, acesse o episódio de Instrumental Brasileiro sobre o artista, no site da Rádio Batuta IMS: https://radiobatuta.ims.com.br/programas/instrumental-brasileiro/luiz-bonfa
BETHENCOURT; BORDAS; CANO; CARVAJAL; SOUZA; DIAS; LUENGO; PALACIUS; PIQUER, ROCHA, RODRIGUEZ; RUBIALES; RUIZ, 2012.
BRANDÃO, 2013.
ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTE E CULTURA BRASILEIRA, 2021.
GROVE MUSIC ONLINE, 2021.
INSTITUTO MOREIRA SALLES (SITE), 2021.
MIMO, 2014.
ROLLA, 1974.
SOARES, 1990.