

O reco-reco é um idiofone com entonação tímbrica não alinhada ao processo tonal, com som de altura indeterminada. Sua forma é normalmente cilíndrica. Pode ser feito de um ou mais gomos de bambu (taboca ou taquara), madeira, metal, chifre bovino ou cabaça (como o seu similar cubano, o guiro). Ao longo de todo o seu comprimento são abertos sulcos transversais, criando uma faixa dentada que é friccionada ou atritada com uma baqueta específica para gerar o som.
Neste exemplar, o corpo do instrumento é confeccionado de bambu no qual é cavado um sulco onde é encaixada uma chapa de metal serrilhada com formas geométricas. Na parte superior do instrumento, feita de madeira, são presos dois guizos de metal que acrescentam uma sonoridade diferenciada a esse reco-reco.
O instrumento integra a rítmica brasileira e faz parte do nosso folclore e da música de diversos povos indígenas. Villa-Lobos fez amplo uso do reco-reco em suas obras.
Reco-reco é o termo genérico para o idiofone raspado. Refere-se a qualquer tipo de material em cuja superfície – ou parte dela – seja feita de uma série de sulcos transversais e paralelos bastante próximos, ao longo do comprimento da peça, para serem atritados ou friccionados com um tipo próprio de baqueta. Segundo o renomado percussionista inglês James Blades em seu livro-referência “Percussion instruments and their history” [“Instrumentos de percussão e sua história”], o registro de existência desse instrumento na Europa Central data da Idade da Pedra, evidenciado a partir de um exemplar de raspador paleolítico de osso encontrado na caverna de Pekarna, na Morávia, que faz parte do acervo do Museu da Morávia em Brno, na República Tcheca.
PEDRO SÁ, 2014.
MIMO, 2011.