Instrumento: Flauta transversal
Obra: Naquele Tempo
Compositor: Benedito Lacerda e Pixinguinha
Intérprete: Altamiro Carrilho
Fonte: Áudio extraído do vídeo originalmente publicado no canal do Youtube Altamiro Carrilho com o título de “Naquele tempo”.
Esta flauta, fabricada em Milão, é composta por um tubo cilíndrico feito de metal prateado, composto por três partes: bocal, corpo e pé. No bocal (também chamado de cabeça) está localizado o orifício por onde entra o ar soprado – a fim de produzir o som do instrumento – e o porta-lábios, onde o instrumentista apoia o seu lábio inferior para efetuar o sopro. Há decorações florais gravadas na superfície deste componente. No corpo está a maioria das chaves responsáveis por produzir as diferentes notas de uma música e no pé estão as chaves que produzem os sons mais graves. Este mecanismo de chaves corresponde ao sistema Boehm.
O instrumento não é transpositor. A extensão da flauta transversa geralmente se inicia no dó3 (si3 em algumas flautas) e cobre três oitavas ou mais.
Integrante do acervo do Instituto Moreira Salles – IMS, pertenceu ao célebre flautista e saxofonista brasileiro Pixinguinha (Rio de Janeiro, 4 de maio de 1897 – Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1973).
O termo “flauta” abrange instrumentos de diversas culturas. De forma geral, as flautas possuem orifícios e podem ou não ter chaves. Os tubos são ocos e podem ser feitos de osso, madeira, metal, galalite, plástico, lata ou outro material. O som do instrumento é produzido pelo sopro do executante dentro de um bisel – no caso da flauta doce e outros instrumentos similares – ou lateralmente na borda do orifício – como no caso da flauta transversa. Essa corrente agita a coluna de ar presente dentro do tubo, produzindo os sons. Cada nota corresponde a um determinado comprimento de coluna de ar, controlada por meio do fechamento ou não dos orifícios. A flauta mais antiga já descoberta foi encontrada na Alemanha e foi feita de osso de cisne; esse instrumento pertence ao período Paleolítico e tem cerca de 36.000 anos. As flautas mais próximas da flauta utilizada nas orquestras ocidentais atuais datam dos séculos X e XI. No século XVI, as flautas aparecem em fontes pictóricas e literárias por toda a Europa ocidental, o que demonstra a grande popularidade do instrumento durante o período. Até o século XVII as flautas possuíam apenas orifícios, isso impossibilitava a reprodução de uma gama extensa de notas e tornava a afinação muito difícil. Para superar esses obstáculos, o instrumentista utilizava flautas de diversos tamanhos e, portanto, capazes de tocar notas diferentes. O posterior uso de chaves permitiu o aumento da extensão do instrumento, a melhora na entonação e o acesso a toda escala cromática. No século XIX, Theobald Boehm, construtor, ourives e flautista, fez melhorias no instrumento que tornaram sua flauta a mais utilizada pelos instrumentistas do mundo. Boehm redesenhou o instrumento e criou chaves em forma de anel; cada anel envolvia um orifício e operava também um segundo orifício, o que permitia que um dedo cobrisse dois ou mais orifícios simultaneamente. Todas essas modificações deixaram a sonoridade da flauta mais forte e uniforme, melhoraram a entonação e tornaram as notas cromáticas mais acessíveis. Depois de muitas experimentações, Boehm atingiu seu modelo definitivo em 1847; essa flauta, com modificações pequenas, continua a ser o modelo padrão.
Este exemplar de flauta transversa pertenceu ao renomado artista brasileiro Pixinguinha. Alfredo da Rocha Vianna Filho, seu nome de batismo, cresceu com a música ao seu redor. Influenciado por seu pai, flautista amador, que promovia em sua casa reuniões musicais, aprendeu a tocar flauta, cavaquinho e bandolim. Entre 1919 e 1921, apresentou-se pelo Brasil com seu conjunto Oito Batutas, alcançando um enorme sucesso, que posteriormente se estendeu para fora do país, quando conquistaram públicos em Paris e Buenos Aires. É compositor do célebre choro Carinhoso, que recebeu letra de Braguinha, também conhecido como João de Barro. Na década de 1940, trocou a flauta pelo sax. Nesta mesma década, gravou 34 fonogramas (17 discos) em parceria com o flautista Benedito Lacerda, nos quais figuravam choros como “Um a zero”, “Sofres porque queres” e “Naquele tempo”. Em 1947, estreou na Rádio Tupi o programa O pessoal da Velha Guarda, criado por Almirante. A década de 1950 foi marcada por sua participação em festivais e programas de rádio e por algumas gravações e lançamentos de discos. Ao longo dos anos 1960, recebeu muitas homenagens. Pixinguinha morre aos 75 anos, vítima de um infarto fulminante, em 1973, na Igreja de Nossa Senhora da Paz, durante o batizado do filho de um amigo, deixando um valioso legado para a música brasileira.
Para saber ainda mais, acesse o site de Pixinguinha no domínio do IMS: https://ims.com.br/titular-colecao/pixinguinha/
BETHENCOURT; BORDAS; CANO; CARVAJAL; SOUZA; DIAS; LUENGO; PALACIUS; PIQUER, ROCHA, RODRIGUEZ; RUBIALES; RUIZ, 2012
BRANDÃO, 2013
Consultoria de Franklin Corrêa da Silva Neto (2014)
DOURADO, 2004
MIMO, 2014
SADIE, 1994
SITE INSTITUTO MOREIRA SALLES - IMS, 2023
SITE ORCHESTRA HARMONIE, 2023
Número de série do fabricante: 2424