O termo “flauta” abrange instrumentos de diversas culturas. De forma geral, as flautas possuem orifícios e podem ou não ter chaves. Os tubos são ocos e podem ser feitos de osso, madeira, metal, galalite, plástico, lata ou outro material. O som do instrumento é produzido pelo sopro do executante dentro de um bisel – no caso da flauta doce e outros instrumentos similares – ou lateralmente na borda do orifício – como no caso da flauta transversa. Essa corrente agita a coluna de ar presente dentro do tubo, produzindo os sons. Cada nota corresponde a um determinado comprimento de coluna de ar, controlada por meio do fechamento ou não dos orifícios. A flauta mais antiga já descoberta foi encontrada na Alemanha e foi feita de osso de cisne; esse instrumento pertence ao período Paleolítico e tem cerca de 36.000 anos. As flautas mais próximas da flauta utilizada nas orquestras ocidentais atuais datam dos séculos X e XI. No século XVI, as flautas aparecem em fontes pictóricas e literárias por toda a Europa ocidental, o que demonstra a grande popularidade do instrumento durante o período. Até o século XVII as flautas possuíam apenas orifícios, isso impossibilitava a reprodução de uma gama extensa de notas e tornava a afinação muito difícil. Para superar esses obstáculos, o instrumentista utilizava flautas de diversos tamanhos e, portanto, capazes de tocar notas diferentes. O posterior uso de chaves permitiu o aumento da extensão do instrumento, a melhora na entonação e o acesso a toda escala cromática. No século XIX, Theobald Boehm, construtor, ourives e flautista, fez melhorias no instrumento que tornaram sua flauta a mais utilizada pelos instrumentistas do mundo. Boehm redesenhou o instrumento e criou chaves em forma de anel; cada anel envolvia um orifício e operava também um segundo orifício, o que permitia que um dedo cobrisse dois ou mais orifícios simultaneamente. Todas essas modificações deixaram a sonoridade da flauta mais forte e uniforme, melhoraram a entonação e tornaram as notas cromáticas mais acessíveis. Depois de muitas experimentações, Boehm atingiu seu modelo definitivo em 1847; essa flauta, com modificações pequenas, continua a ser o modelo padrão. Esse exemplar do museu foi construída por esse famoso construtor. O inventário de 1974 do Museu Instrumental Delgado de Carvalho Informa que esse exemplar fez parte da Exposição Universal de 1867, que ocorreu em Paris.