O saltério é um instrumento da família das cítaras. O termo “cítara” é utilizado para denominar qualquer cordofone que possua cordas esticadas sobre o corpo do instrumento. Normalmente, o corpo é a própria caixa de ressonância e as cordas são esticadas acima dela, passando por cima de cavaletes. No saltério, especificamente, as cordas são fixadas por meio de cravelhas de madeira ou de metal. Na antiguidade, o instrumento era utilizado pelos assírios, babilônios e egípcios, em rituais religiosos e profanos. Os hebreus utilizavam o saltério para acompanhar salmos nos cânticos sacros. Por volta do século XVII, o saltério do Oriente (qanun) chegou à Europa por meio da Espanha e influenciou a estrutura do saltério comumente utilizado no continente europeu entre os séculos XII e XV. Neste período, o saltério era utilizado tanto em ritos religiosos quanto em ritos profanos como danças e canções dos menestréis. Na Renascença, devido à difusão do uso do cromatismo, sistema que o saltério não tinha como atender, o instrumento perdeu espaço. No século XVI, o saltério deu origem a outros instrumentos: o dulcimer (onde as cordas são tocadas com martelos), o cravo (onde as cordas são pinçadas e acrescentou-se um teclado à estrutura do saltério) e a cítara (onde se acrescentaram trastes). No século XVIII, o instrumento voltou a se tornar conhecido e muitos dos exemplares que chegaram até os dias de hoje são desse período, como o próprio exemplar do Museu. No século XX, o saltério foi utilizado principalmente na execução do repertório de música antiga. Não são muitas as menções à presença do saltério no Brasil. Em uma rara citação, Cunha Mattos narra que em 1824, na província de Goiás, algumas senhoras cantavam e tocavam saltério, cítara, guitarras e violas.