O termo ghayta pode ser utilizado para denominar um tipo de oboé – como o exemplar do museu -, ou a gaita de fole. O termo deriva da palavra gótica ghaid (que significa trouxa) e de fato inicialmente servia para denominar uma gaita de fole feita de pele. Porém, provavelmente devido ao fato de tanto a gaita de fole quanto o oboé possuírem timbres e funções sociais que eram consideradas similares, o termo passou a ser aplicado em algumas regiões também a um tipo de oboé. O Marrocos, país de onde provém esse instrumento do Museu, é uma dessas regiões. Lá, a ghayta é um tipo de oboé, um instrumento melódico geralmente tocado por músicos profissionais do sexo masculino e que, por sua vez, vêm de uma linhagem de tocadores de ghayta. Apesar de existirem aerofones de palhetas na Mesopotâmia antes da expansão islâmica, o uso da ghayta se estabeleceu na região depois do crescimento do islamismo (século VII) e por isso a difusão do instrumento está intimamente relacionada à expansão da cultura islâmica. Um exemplo disso é o fato de que a campana da ghayta recebe o nome de ka’ba, que é o nome do lugar mais sagrado do culto muçulmano em Meca. O instrumento foi provavelmente produto da síntese de outros instrumentos provenientes do Irã, da Mesopotâmia, Síria e Ásia Menor. Foi introduzido em bandas militares e posteriormente teve seu uso difundido em áreas recém-conquistadas pelo Islã. Durante o Império Otomano, o instrumento, com o nome de zurna, se difundiu ainda mais, dessa vez em direção à Europa. O timbre do instrumento é brilhante e poderoso e seus usos eram variados: em bandas cerimoniais e militares, na música funeral (sendo ainda utilizado neste tipo de música na Armênia), escoltando notáveis para as orações da sexta-feira (dia sagrado para o Islamismo); para marcar o início de uma peregrinação; para exercer a função de sentinela; em celebrações anuais das enchentes do Nilo; e em tipos de teatros de sombra com fantoches. Atualmente o instrumento é utilizado em festas ao ar livre com música, normalmente compondo pequenos conjuntos (geralmente duas ghaytas e um ou mais tambores), ou em duos de ghaytas e tambor. Estes conjuntos de ghaytas e tambores também são comuns em casamentos, festas de circuncisão, danças, jogos, competições, festas nacionais de independência, festivais, manifestações e passeatas.